quinta-feira, 21 de abril de 2016

Como solucionar esse seu problema?







Oi pessoas que talvez leiam o que escrevo. Bom, estou tentando remontar este blog. Ele existe há alguns anos, mas era sobre uma Mari diferente. Fiquei um tempo pensando em quê transformá-lo, afinal de contas, me tornei tantas coisas. Este sempre foi meu lugar de refúgio, de uma certa forma. Não o blog em si, mas as poesias que postava. Relendo percebi o quanto vivi, o quanto senti, o que é normal em cada ser humano. Transformar este espaço num lugar onde eu posso compartilhar coisas que me fizeram, de alguma forma, amadurecer, talvez possa ajudar algumas pessoas. 

Pensei em recomeçar o blog de várias formas, estou lutando todos os dias para sobreviver, e não é fácil, não só para mim. Mas sinto necessidade de escrever como se as palavras fossem meu oxigênio, meu chão. Tomei essa decisão de escrever o que senti diante algumas fases da minha vida -não que isso interesse à algumas pessoas-, depois que me consultei com o psicólogo da universidade que estudo. Um homem muito responsável e profissional. Ele plantou uma semente na minha cabeça. Que eu era melhor do que talvez eu imagine ser. Que com minhas experiências, eu poderia ajudar algumas pessoas a superarem alguns receios. Talvez não dê certo. Talvez! Mas a incerteza não é tão ruim em alguns casos. Então, para recomeçar, pensei em falar um pouco sobre um filme que assisti ontem. O nome é The D.U.F.F.

D.U.F.F pra quem não sabe, é a sigla de” Designated Ugly Fat Friend”, que traduzido no bom e velho português significa Designado Amigo Feio e Gordo. Ok, vai parecer que este texto é destinado para adolescentes de 16 anos. Pode ser também, na verdade eu tenho vinte e dois e por incrível que pareça me identifiquei bastante com o filme. Então, por favor, peço que leiam até o fim para entender onde quero chegar. Rsrs

Bom, o filme conta a história de Bianca, uma adolescente que como qualquer outra tem amigas legais, é apaixonada por um menino que parece não dá a mínima para ela, essas coisas. O ponto é que ela descobre que é uma “D.U.F.F”, através de uma brincadeirinha boba de um vizinho que foi amigo dela na infância. Ela começa a perceber que por ser diferente das suas amigas, por ser gordinha e se vestir de forma totalmente fora do comum, as pessoas as veem, não como uma garota legal, interessante, com um ótimo senso de humor, e sim como a amiga feia que serve somente como ponte para que os garotos cheguem em suas amigas. Ela começa a criar uma péssima imagem de Jess e Casey, que para ela só a quer como escada para se engrandecerem (o que se percebe ao longo do filme que não é verdade). Então, Bianca se afasta das suas melhores amigas porque acredita que elas não são fiéis e verdadeiras, e começa a ficar paranoica e sua estima começa a cair. Mas a nossa protagonista é muito forte e não quer se deixar abater, então ela procura o vizinho que a mostrou a “verdade dos fatos”. Esse rapaz, que aliás, como a maioria dos filmes americanos, era jogador de futebol, o mais popular e bonito da escola, ex amigo de infância de Bianca, e ex namorado da garota antipática que é a mais popular da escola e precisava passar em ciências, que para a sua alegria, Bianca é muito boa. Bom, para não demorar, o que acontece é que Bianca pede o auxílio desse vizinho para lhe ajudar a ser mais “popular na escola”. O garoto (que, aliás, eu esqueci o nome, desculpem-me!) em troca aprende Ciências e não é reprovado. Feito o acordo, eles conversam, ela conta sobre o cara que ela está apaixonada e para esquecer as dores vão fazer compras. Nesse passeio, nas trocas de roupas, ela começa a fazer algumas palhaçadas e dentro dessa brincadeira ela revela que é afim desse cara que se chama Toby, e uma garota maldosa, amiga da antipática popular do colégio filma tudo e expõe Bianca nas redes sociais.

Bianca, que já era tida como a estranha do colégio, sofre o cyberbullying, e sua estima diminui ainda mais. Ela está sem amigas, exposta para a escola e para o cara que ela gosta (e que se mostra um babaca ao percorrer do filme) e vira alvo de piadas idiotas nos corredores. Para piorar, o diretor descobre o ato, e para proteger a imagem da escola, ele pega os celulares de todos os alunos. Isso, claro, piora a situação de Bianca, que além de ser a estranha, agora é responsável pela a falta de conectividade dos outros alunos na escola.

No filme tem muito mais coisas, mas fiz esse pequeno resumo para discutir duas coisas. Padrão de beleza e Bullying. E acreditem, esses dois aí andam de mãos dadas. Vocês, que talvez não me conheçam, devem se perguntar o que isso tem haver comigo. Bom, na escola eu sofri muito com o Bullying, por, como Bianca, ser a gordinha estranha da turma. O Bullying não é engraçado, e traz consequências bizarras para o psicológico de qualquer ser humano. 

Minha construção individual nunca teve haver com padrões de beleza. Pra falar bem a verdade, eu estava pouco me lixando se meu cabelo estava bem penteado ou se minha roupa não estava amassada. Sempre fui gorda, sempre fui bem esforçada nos estudos, sempre fui comunicativa, digamos que até demais. Sofria com as piadinhas, não me achava bonita ou capaz. Interessante ou inteligente. Sempre fui insegura com tudo que fazia. Confesso que ainda sou um pouco, mas na época era um caso de se olhar no espelho e ver uma pessoa horrorosa na sua frente. Lembro das vezes que chorei e pedi pra que não fosse eu. As dietas malucas que já fiz, e o quanto me vesti desconfortavelmente só para que vissem em mim um pouco de interesse. Essas coisas não aconteciam só comigo. Tinha amigas que sofriam porque eram muito magras, ou porque tinham o cabelo cacheado, ou qualquer outra coisa que não fosse aquilo que era considerado bonito na época. Para uma adolescente isso é muito forte, acreditem!

Eu tinha apelidos ridículos, desde a Madibu (que hoje, pensando bem, não deveria ser considerado ofensa, porque é um dos vilões mais geniais da face da terra. O poder dele é extremamente útil, já que ele transforma pessoas indesejáveis em chocolate, ou seja, em algo mais desejável e interessante.) a Pérola ( que é um personagem extremamente irritante e mimado, que sinceramente não têm nada a ver com a minha personalidade.). Eu era uma adolescente, e é nessa fase que se começa a alimentar a sua personalidade. Eu tive muita sorte, porque eu tinha amigos leais, e tive a oportunidade de me envolver com o Teatro, mas antes de descobrir isso, eu não me considerava alguém de fato, eu me considerava, na minha vida uma coadjuvante e não a protagonista. E, poxa, a vida era minha! 

Pense em quantas pessoas tiveram a mesma chance que eu? Muito poucas. Pessoas, não só meninas (digo isso, porque quando se trata de padrões de beleza, geralmente citam só a mulher, mas homens também sofrem com isso), morrem por causa da busca pela perfeição, tanto com cirurgias, quanto com anorexia. Pessoas entram em depressão porque se sentem só e acreditam que não são boas suficientes para nada, nem para elas mesmas.

As revistas nos fazem engolir modelos de mulheres que são minoria, e tudo é metrificado. Até para ser uma modelo gorda, você tem que ter coxas e bunda grande, corpo que parece mais uma Pêra. Mas não somos iguais, há quem tenha mais ou menos que as outras. Nem todos os homens são marombados, nem todas as mulheres tem barriga tanquinho. Nas novelas vemos olhos clarões, peles alvas, cabelos lisos. Se for para falar por cor mesmo, minha pele tem uma tonalidade que não se encontra nem em caixa de lápis de cor, mas me considero negra por uma questão ideológica, por identidade racial mesmo. Meus olhos são pequenos e castanhos, sou gorda, minha bunda não é grande, minhas coxas são enormes e minha panturrilha também, meus cabelos são extremamente cacheados, meu peito não é durinho, calço 39/40. Ou seja, estou longe de ser uma modelo plus-size. Muito menos a Gisele Bündchen. Tanto meninas quanto meninos, seja a idade que for, se escondem por detrás das suas fardas e armaduras, porque sofreram horrores na sua vida por ser diferente do outro, o que é, sinceramente uma grande babaquice. Ninguém e perfeito, mulheres têm celulites, culote, estrias, pelos. Homens têm barriga, pelos, e nem sempre seu orgão genital parece uma espada, ok? Vamos cair na real! 

Auto-estima, auto-valorização, amor próprio, são coisas difíceis de serem cultivadas. Todos os dias nós temos que acordar e lutar sobre nossa própria existência. Temos que aturar problemas nossos que vão além do conhecimento do outro. Cada ser tem sentimentos, dúvidas, família. Você não sabe quem é aquela pessoa, nem o que ela faz da vida. Você não sabe o que se passa na cabeça daquela pessoa, então não a ofenda por nada. 

Se você já passou por essa situação, saiba que você não é única, e talvez você saiba disso, e talvez o que eu estou falando não ajude em nada. Mas eu sei como é ser a D.U.F.F. Da sua galera. Inclusive, sou até hoje. Mas não acho ruim não. Eu sei das minhas qualidades, e demorou muito para percebê-las. Fui rejeitada mil vezes, e sou até hoje, mas antes eu acreditava que eu não era digna de ser querida, e estranha até se alguém mostrasse interesse. Mas essas pessoas não quiserem ficar comigo não por ser gordinha ou por gostar de ouvir músicas psicodélicas, mas porque a pessoa não estava afim mesmo, não bateu. Eu sei que haverá outros que se interessarão. Falo isso, porque sei o quanto é bom, principalmente para quem tem a estima baixa, saber que é desejado por outra pessoa, e acredite, você é! Só é dá uma chance para você mesma, ou mesmo. A vida não é fácil, existir não é fácil, a gente tem que lutar todos os dias para sobreviver ao sistema, as nossas incertezas, ao nosso cansaço, as nossas dores e lutas diárias. Não deixem que te digam que você não é bonita ou bonito, ou que não é inteligente, sagas ou capaz. Você é tudo isso e se duvidar, você é mais um pouquinho. Você é interessante do seu jeitinho mesmo, seja lá como for. O que me ajudou muito foi escrever. Inclusive aqui. No filme, Bianca usa das suas dores para ajudar os outros com um blog. Minha ideia nunca foi copiar. Inclusive me toquei desse detalhe agora mesmo, rsrsr.. E nem sei se vão ler essa postagem, se vão gostar ou chegar até o final. Mas peço, que se você leu e passou pela mesma coisa, que, se sentir à vontade, relate também, pode ser que não seja aqui no blog, pode ser em algum outo lugar, no facebook, ou num caderno. Ou se preferir, faça um vídeo falando o que você passa, mostrando a outras pessoas também que ela não está só. Se você chegou até o fim, obrigada. Primeiro por aturar tanta coisa, e segundo porque, se você veio até o fim, é porque você sente ou sentiu o que eu senti por anos. Uma angústia insuportável que parece que nunca vai sair. Hoje, às vezes me vem esse mesmo sentimento, mas aí eu lembro que é da vida cair, e enfrentar pessoas babacas e mesquinhas, e superá-las porque, somos mais. E acredite, você é!

Obs: Depois assistam o filme, super recomendo!









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